HISTÓRICO

A ideia de conceber um espaço voltado à memória da Shoá em Curitiba nasceu nos anos 1990, durante visitas do empresário Miguel Krigsner, filho e genro de sobreviventes, a memoriais e museus do Holocausto. O mundo vivia um período de conscientização sobre os legados do genocídio e a consolidação das filosofias educativas das duas maiores instituições ligadas ao tema: o United States Holocaust Museum, em Washignton, e o Yad Vashem, em Jerusalém.

Foi ainda nesta década que Miguel e Cecília Krigsner iniciaram a coleção do futuro espaço ao adquirir uma tiragem do conjunto de relevos chamado “Pillars of Witness”, de autoria do artista australiano Andrew Rogers, exposto no Holocaust Research Centre, em Melbourne. Logo, a ideia se transformaria num sonho – que seria realizado muitos anos depois.

Em 2004, o professor Sergio Alberto Feldman, doutor em História e então coordenador de cultura judaica da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, em Curitiba, recebeu a missão de realizar as primeiras investigações. Nesta primeira fase, ele desenvolveu uma pesquisa iconográfica em Israel, sob orientação de Avraham Milgram, historiador do Yad Vashem. Além disso, conseguiu reunir uma coleção de 14 depoimentos em VHS de sobreviventes estabelecidos em Curitiba, entrevistados em 1997 pela equipe da USC Shoah Foundation.


No mesmo ano, surgiram as primeiras reflexões sobre a pesquisa. Num artigo no jornal “Visão Judaica”, Sergio escreveu: “estamos dando um enorme apoio aos revisionistas que tentam apagar a memória do Holocausto, se não mantivermos a memória deste deprimente período acesa. Mas como fazê-lo?”

A criação de um projeto arquitetônico inspirado num vagão de trem foi a primeira tentativa de realização do sonho, adiado pela dificuldade de viabilizar a execução. Parcerias com outras instituições na cidade para compartilhamento do espaço físico e a busca por imóveis foram também estratégias ineficazes, o que levou a uma pausa no projeto.

Em 2009, a solução despontou com a necessidade da construção de uma nova sinagoga para a comunidade judaica de Curitiba. O projeto arquitetônico do edifício, que abrigaria tanto o local de culto quanto o futuro museu, foi apresentado no dia 7 de novembro de 2010. Cerca de 500 pessoas participaram do ato de lançamento da pedra fundamental. Poucos dias antes, seria criada a Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, instituição sem fins lucrativos responsável pela gestão do futuro museu e que conta ainda com o trabalho incansável de Jaime Ingberman e do dr. Charles London.

No início de 2011, com a contratação da Base7 Projetos Culturais, empresa localizada em São Paulo, começou a última parte da pesquisa histórica e a execução completa do projeto. Com a consultoria histórica da professora Denise Hasbani e o trabalho de dezenas de profissionais de museologia e de tecnologia, o Museu foi inaugurado em 20 de novembro de 2011 e passou a receber visitantes a partir de fevereiro de 2012.