LEMBREM-SE DE NÓS

A iniciativa “Lembrem-se de nós: um projeto sobre o Holocausto para Bnei/Bnot Mitzvá”, é uma parceria entre o Museu do Holocausto de Curitiba e o departamento religioso da Comunidade Israelita do Paraná, com o suporte do rabino Pablo Berman. A concepção é inspirada em projetos realizados por duas importantes instituições mundiais voltadas à memória da Shoá: o Yad Vashem, em Jerusalém, e o Remember Us, dos Estados Unidos.

A essência está numa passagem do livro bíblico de Shemot, Êxodo, capítulo 20, versículo 24: “Em todo lugar onde eu fizer recordar o meu nome, virei a ti para te abençoar”. Este trecho nos ensina que, em qualquer lugar que nos lembremos de D’us, seremos abençoados. Da mesma forma, por analogia, as crianças vítimas da Shoá nos interpelariam, como se dissessem: “em cada lugar, em cada bar e bat mitzvá que nos recordem, eu, desde a imensidão do universo e perto de D’us, também vou abençoá-los”.

O projeto em Curitiba perpetua a memória de uma criança que não teve a oportunidade de celebrar seu Bar ou Bat Mitzvá. Além de fornecer nome e informações, um convite a rememorá-la anualmente e um certificado, um símbolo se faz presente nas cerimônias, dentro da sinagoga Beit Yaacov. Uma escultura do artista plástico argentino Alfi Vivern foi criada sob demanda e, com a anuência da família, substitui o hábito de se deixar urna cadeira vazia.

Durante as aulas de preparação, o Museu se ocupa de internalizar nos jovens e em suas famílias uma reflexão sobre a memória da Shoá, trabalhando os significados da escultura e a importância do projeto. A peça é esculpida em basalto, uma rocha que se formou há milhões de anos e que resiste ao tempo, assim como nossa herança e a construção da nossa identidade.

A pedra como matéria-prima ainda nos remete ao duradouro, como nos atos de lembrança nas matzevot, as pedras tumulares. As escadas exploram os altos e os baixos dos caminhos da vida, tendo a cadeira vazia um símbolo da perda. Também a escada da nova geração, do lado interno, está protegida pela escada das vítimas, externa.

Objetos monocromáticos que representam brinquedos (uma boneca, um pião e um avião) demonstram sobriedade e as infâncias marcadas pela perda da cor, da luz e da inocência. A banqueta branca gera um contraste com as peças escuras, realçando seus detalhes e simbolizando a paz e a esperança.

Objetos monocromáticos que representam brinquedos (uma boneca, um pião e um avião) demonstram sobriedade e as infâncias marcadas pela perda da cor, da luz e da inocência. A banqueta branca gera um contraste com as peças escuras, realçando seus detalhes e simbolizando a paz e a esperança.