O HOLOCAUSTO

Nas últimas décadas, historiadores e especialistas têm buscado explicar o que foi o Holocausto. No esforço para elucidar a tentativa de assassinato total e planificado de um povo e a brutalidade dos crimes, muitos optaram por um enfoque místico: o Holocausto seria humanamente inexplicável e incompreensível, tamanha a crueldade dos perpetradores e o sofrimento das vítimas.

Porém, de acordo com o historiador tcheco-israelense Yehuda Bauer, referência internacional no desenvolvimento de uma Pedagogia do Holocausto, esta perspectiva é equivocada. O extermínio ocorreu porque teve a possibilidade de ocorrer: “qualquer fato histórico é uma possibilidade antes de se converter em fato; mas quando se converte em fato, funciona também como um precedente possível”.

Tratar o Holocausto como fora do alcance da nossa compreensão significa, portanto, transformá-lo em a-histórico. Em outras palavras, justificá-lo, sem a necessidade produzir lições e alertas. No entanto, o Holocausto é um fato histórico e humano. Podemos estudá-lo, compreendê-lo e utilizá-lo como advertência. O próprio conceito de Genocídio, criado em 1944, o insere neste rol e o torna comparável, mesmo com suas particularidades (que o faz distinto de todos os outros).

No entanto, o Holocausto é um fato histórico e humano. Podemos estudá-lo, compreendê-lo e utilizá-lo como advertência. O próprio conceito de genocídio, desenvolvido em 1944, o insere neste rol e o torna comparável, mesmo com suas particularidades (que o faz distinto de todos os outros).

 

A palavra “holocausto” é derivada da grega holokauston, que significa “oferta de sacrifício”. Com origem religiosa e sentido teológico, o termo dá um caráter voluntário e passivo ao genocídio, submisso à vontade divina. Já o termo “Shoá”, do hebraico, substitui “Holocausto” pelo significado humano de “catástrofe” e de “calamidade”.

A Shoá se refere a um processo sistemático de discriminação, perseguição antissemita e tentativa de aniquilamento iniciado na Alemanha em 1933, que levou ao genocídio de seis milhões de judeus, implementado pelo regime nazista e seus colaboradores no âmbito da Segunda Guerra Mundial. Neste mesmo contexto, foram também perseguidos e assassinados outros grupos humanos por suas características físicas, ideológicas, religiosas, étnicas e sexuais. 

Pessoas com deficiências e com distúrbios mentais, testemunhas de Jeová, comunidade LGBTQIA+, povos ciganos roma e sinti, população negra (afro-alemães), comunistas, anarquistas, maçons, poloneses, eslavos, opositores políticos, chineses, artistas, intelectuais e prisioneiros de guerra foram também objeto de grave opressão e aniquilamento sob a tirania nazista.